ALMEIDA! Qual a origem do apelido?
Da História Talmeyda Fronteiriça
A origem do apelido Almeida é toponímica e existem em Portugal mais de 250 mil cidadãos com tal sobrenome. Os estudiosos dividem-se sobre a sua proveniência, admitindo-se duas vias, hoje indistintas, para o seu aparecimento, a partir do século XIII.
A primeira é a da vila fronteiriça de Almeida (na origem Talmeyda, que em árabe significa mesa) conquistada e perdida em sucessivas ocasiões por cristãos e muçulmanos ao longo dos séculos XII e XIII. Um dos seus conquistadores, no tempo de D. Sancho I, terá sido Paio Guterres (de Almeida), descendente de Egas Moniz, que passou à história com o nome de Almeidão. No final do século XIII, a vila, então disputada por Portugal e pelo Reino de Leão, passou a fazer parte do território português pelo Tratado de Alcanises, celebrado, em Setembro de 1297, por D. Dinis (de quem a vila recebera foral no ano anterior) e D. Fernando IV de Leão e Castela.
A segunda via, geralmente a preferida pelos genealogistas, tem origem apontada a Fernão Canelas, senhor das quintas do Pinheiro e de Canelas, e ao seu filho João Fernandes de Almeida, personagem que figura nas inquirições de 1258 (de Afonso Il1). Aí se refere que terá comprado ou ganho a Herdade da Cavalaria, no termo de Azurara da Bejra (hoje, Mangualde), e que fundou (entre 1223 e 1245) uma aldeia denominada Almeida naquela região, mais tarde (no século XVII) baptizada de Almeidinha, hoje integrada na cidade de Mangualde.
No entanto, as duas hipóteses cruzar-se-ão em Lourenço Anes de Almeida, muito provavelmente neto de João Fernandes de Almeida, que, no final dos século XIII foi alcaide das praças fortes de Castelo Mendo e de Linhares. A primeira, muito próxima da de Almeida, integra-se na linha de fortificações reconstruídas ou edificadas por D. Dinis na linha fronteiriça de Ribacõa; a segunda, também na zona dominada por Almeida, fez parte dos castelos integrantes do sistema defensivo da bacia do Mondego, na retaguarda dos existentes na raia, ao longo do rio Côa.
Um monumento em Aljubarrota evoca a lendária intervenção de Brites de Almeida em 14 de agosto de 1385.
Seja como for, a verdade é que nos séculos XIV e XV, o apelido já se tinha espalhado um pouco por todo o território.
A lendária figura da Padeira de Aljubarrota, personificada numa tal Brites de Almeida, aventureira, matadora de castelhanos à pazada após Aljubarrota, em 1385, natural do Algarve – segundo uns de Loulé, outros de Faro, ou de um qualquer lugar entre as duas localidades – exemplifica o facto de, em meados do século XIV, o apelido já ter raízes populares na zona mais setentrional do País.
Um outro exemplo é o de Diogo Lopes de Almeida, companheiro de descobertas africanas de Afonso Gonçalves Baldaia (1436) com quem explorou a zona da Ponta da Galé. Ou Estêvão de Almeida, também navegador, companheiro de Nuno Tristão, com quem morreu, em combate, em Africa, 60 léguas a sul de Cabo Verde (1446).
Ainda no século XV, um outro Almeida entrou na história e no imaginário dos portugueses pelos seus feitos. Trata-se de Duarte de Almeida, alferes de D. Afonso V, filho de Pedro Lourenço de Almeida que, no decorrer da batalha de Toro (1 de Março de 1476), com parte das tropas portuguesas em debandada, se apoderou do abandonado estandarte Real, defendendo-o heroicamente. Cortaram-lhe uma mão, depois outra, mas mesmo assim, apesar de decepado (alcunha por que ficou conhecido), manteve-o seguro com os cotos e os dentes, resistindo sempre. Acabou derrubado e sem o estandarte. Moribundo, foi feito prisioneiro e depois de tratado em Castela, voltou a Portugal alguns meses depois. Morreu, mais tarde, no castelo de Vilarigas, que herdara de seu pai.
Num outro plano, Henrique de Almeida, por sua vez, poeta referenciado no Cancioneiro Geral, foi cavaleiro da Ordem de Cristo (desde 1484) e alcaide-mor de Nisa.
Gravura de José Bastos, que recria o feito de Duarte de Almeida na Batalha de Toro em 1476.
(Biblioteca Nacional)
Dinastia de Abrantes
Os Almeida do século XV e XVI, em termos de notoriedade histórica, são, pode dizer-se, no entanto, os descendentes de Fernão Álvares de Almeida, rico-homem próximo D. João I, alcaide-mor de Abrantes e, depois, de Diogo Fernandes de Almeida, também alcaide-mor daquela cidade e de Punhete (hoje Constância).
Lopo de Almeida, neto de Fernão Álvares, homem muito próximo e de confiança dos reis D. Duarte e de D. Afonso V, oi por este feito conde de Abrantes em 1476. E a sua descendência directa inclui nomes como João de Almeida (2° conde), guarda-mor de D. João II, membro do Conselho Real e vedor da Fazenda; Diogo Fernandes de Almeida, 6° Prior do Crato, monteiro-mor de D. João II e alcaide-mor de Torres Novas; Bernardim de Almeida, também fidalgo da Casa de D. João II que combateu na campanha contra o sultão de Fez, no norte de África; Jorge de Almeida, bispo de Coimbra e conde Arganil; Fernando de Almeida, embaixador em Roma, núncio papal e bispo de Ceuta; e, principalmente, Francisco de Almeida (1450-1510), primeiro vice-Rei da Índia.
Francisco de Almeida, numa imagem do século XVI, incluída na galeria de vice-reis e governadores da Índia do “Livro de Lisuarte de Abreu”.
(Biblioteca Nacional)
O mais famoso dos Almeida de Abrantes partiu para o Oriente em 1505 para afirmar o, então, incipiente domínio português, ameaçado pelo sultão do Egipto. Fundou várias fortalezas, sediou o Governo em Cochim e proibiu a navegação mercante não portuquesa ou aliada na zona. A sua atuação bélica conduziu a inúmeros recontros e batalhas (o seu filho Lourenço de Almeida perdeu a vida em Chaúl, num combate naval com forças de Diu e do Egipto). Francisco de Almeida vingou a morte do filho com uma estrondosa vitória naval em Diu (1509). O vice-Rei foi substituído no cargo por Afonso de Albuquerque e morreu durante o regresso a Portugal, num combate perto do Cabo da Boa Esperança.
A geração seguinte inclui nomes como o já referido Lourenço de Almeida, filho do vice-Rei, morto em combate em 1508; o 3° conde, Lopo de Almeida vedor da fazenda de D. Manuel I; Garcia de Almeida (bastardo do 2° conde), primeiro reitor da Universidade de Coimbra, quando esta foi transferida de Lisboa (em Abril 1537); ou Lopo de Almeida, filho do 6° prior do Crato, capitão-mor de uma das esquadras do Oriente.
Por sua vez, um outro Lopo de Almeida (1524-1584), padre, humanista, neto do 2° conde, foi preso pela Inquisição por ser reformista, condenado, perdoado. Deixou em testamento toda a sua enorme fortuna e rendimentos à Misericórdia do Porto para fundar um estabelecimento hospitalar que veio a ser o Hospital Real de Santo António, estabelecido na Cordoaria.
Miguel de Almeida (1560-1650), também um dos netos do 2° conde, foi um dos mais destacados conjurados de 1640. Terá dele partido a iniciativa de aproveitar a revolta da Catalunha para desencadear o golpe. E foi ele que, já com 80 anos, deu o sinal para o arranque da revolução e quem, de uma das janelas do Paço da Ribeira, deu os brados por D. João IV. Foi distinguido com o título de 4° Conde de Abrantes e foi vedor da fazenda e membro do Conselho de D. João IV.
Gravura alusiva ao 1º de dezembro de 1640 e a aclamação de D. João IV.
(Biblioteca Nacional)
Entre familiares próximos da dinastia de Abrantes podem também referir-se os nomes de Francisco de Almeida, governador de algumas praças marroquinas, que foi nomeado em 1593, por Filipe II, para governador de Angola. Abandonou o cargo em 1594, sendo substituído interinamente por Jerónimo de Almeida, seu irmão.
Avintes, Assumar, Lavradio e Alorna
A partir diretamente da Casa de Abrantes ou com ela ligada por laços de parentesco, vários outros personagens e títulos de nobreza surgiram com o apelido Almeida, particularmente a partir dos começos da quarta dinastia.
É o caso de Luís de Almeida, o último governador português de Tânger, feito conde de Avintes em 1664 por D. Afonso VI. Distinguiu-se no período da Restauração como mestre de campo de um terço de Infantaria. Participou na expedição para socorrer a cidade da Baía (1647), comandada por Luís da Silva Teles, e foi, entre 1652 e 1658 governador e capitão-general do Rio de Janeiro.
O seu filho Miguel de Almeida serviu na índia, governou Moçambique e, já no final da vida, sucedeu a D. Rodrigo da Costa como governador da India (1690-1691).
Tomás de Almeida, por sua vez, um dos netos do 1° conde de Avintes, foi o primeiro cardeal Patriarca de Lisboa (1737).
Doutor em Cânones por Coimbra, foi um protegido de D. Pedro II de quem foi chanceler-mor. Foi escrivão da puridade de D. João V e bispo de Viseu e do Porto.
Entretanto, 1° conde e 1° marquês do Lavradio, António de Almeida Soares Portugal de Alarão Eça e Melo, também 3° conde de Avintes, desempenhou os cargos de governador e capitão-general de Angola (1748) e do Brasil (1759).
Anos depois (1769), o 2° marquês, Luis de Almeida Soares Portugal de Alarão Eça e Melo, foi o 11° vice-Rei de Brasil. Já o 3º marquês e 5° conde de Avintes, António Máximo de Almeida Portugal Soares Alarão Melo Ataide Eça Mascarenhas Silva e Lancastre, mordomo-mor de D. João VI, deputado da Junta dos Três Estados, Par do Reino (1826) jurou a Carta Constitucional. Quando D. Miquel se proclamou Rei absoluto, recusou atraiçoar o seu compromisso e por isso foi perseguido e forçado a exilar-se em Inglaterra (1828). Daí passou a Bruxelas e, depois, a Paris, onde faleceu em 1833, com apenas 41 anos.
Por outro lado, Pedro de Almeida Portugal (1630-1679), descendente dos Almeidas da Casa de Abrantes, feito 20 conde de Assumar em 1667, foi senador da Câmara de Lisboa, deputado à Junta dos Três Estados, vedor da Casa Real. Foi mestre de campo na guerra da Restauração, vice-Rei da índia desde 1667. Morreu em combate no ano de 1679, quando socorria Mombaça.
Pedro Miguel de Almeida Portugal (1688-1756), também filho do 3° conde Assumar, por seu turno, foi o 1° marquês de Alorna. Como militar, no Oriente submeteu o rajá Bounsuló e conquistou a praça forte de Alorna, índia, (1746). Combateu muito jovem, na Guerra da Sucessão de Espanha, e foi, depois, capitão-general de Minas Gerais e vice-Rei da índia.
João de Almeida Portugal, 2° marquês de Alorna (1726-1802), casado com uma senhora da família dos Távoras, esteve preso cerca de 18 anos no forte da Junqueira por ordem do marquês de Pombal, no âmbito do célebre processo. Foi reabilitado por D. Maria l e libertado. A sua filha, a escritora Leonor de Almeida Portugal, 4ª marquesa de Alorna (1750-1839), foi encarcerada ainda criança (8 anos) no convento de Chelas, juntamente com a mãe e uma irmã. Aí estudou durante 18 anos e formou uma cultura literária e científica pouco usual para a época. Transformou o con- vento, primeiro, e a sua casa, depois, num centro de debate e de novas ideias estéticas, onde se reuniam grandes nomes da cultura portuguesa de então. Membro da Arcádia, adoptou, como era uso, o nome de Alcipe. Teve a sua obra editada em 1844, sob o título Obras Poéticas da Marquesa de Alorna.
A poetiza Leonor de Almeida Portugal passou à história da cultura portuguesa com a sua designação titular: marquesa de Alorna
Militares e missionários
De regresso ao início do século XVI, muitos Almeidas se distinguiram militarmente em particular em África e no Oriente, no período de afirmação imperial portuguesa.
Pedro Álvares de Almeida, natural de Guimarães, fidalgo da Casa de D. Manuel 1, por exemplo, serviu o conde de Richmond, futuro Henrique VII de Inglaterra e combateu nas guerras das Duas Rosas. Como recompensa (1501) pela sua acção passou a poder usar no seu brasão uma parte das armas reais inglesas (um lírio e metade de uma rosa vermelha). Distinguiu-se, depois, em combate no norte de África.
Para a índia foi Duarte de Almeida acompanhando Afonso de Albuquerque (1505-1510). Ali foi ferido em combate e, depois, nomeado estribeiro-mor de Goa. Sob as ordens de Albuquerque serviu também Gonçalo de Almeida que morreu em combate (1511) em Malaca. O mesmo sucedeu, anos depois (1546) a Francisco de Almeida, comandante de um dos navios que socorreram Diu. Diogo de Almeida (cc. 1540), por sua vez, também batalhou na índia, sob o comando de Martim Afonso de Sousa e depois de Diogo Lopes de Sousa. Foi governador de Goa e membro da junta governativa de D. João de Castro.
Mais tarde, Luis de Brito e Almeida, fidalgo da Casa de D. Sebastião, foi governador-geral das capitanias do norte do Brasil (1572-1578) e Duarte de Almeida, comendador do Sardoal, foi embaixador de D. João III em Espanha e membro do Conselho de D. Sebastião. Dois dos seus filhos (Lopo e João) morreram em Alcácer Quibir.
Isidro de Almeida, natural do Algarve, serviu D. João III e D. Sebastião (1540-1570) como engenheiro militar, no norte de África, tomando parte no cerco de Mazagão. João Fernandes de Almeida, por seu turno, foi anos mais tarde, governador de Moçambique em 1703 e em 1712 e Conselheiro do Estado da índia (1707).
Na área da difusão da fé católica, destaque para nomes como António de Almeida (1557-1591), missionário jesuíta na índia e na China e Manuel de Almeida (1571-1646), missionário na Etiópia e provincial jesuíta de Goa. Completou a História de Etiópia a Alta, iniciada por Pedro Pais, cuja primeira edição (Baltasar Teles) data de 1660 ou para Apolinar de Almeida (1587-1638) bispo de Niceia e patriarca da Etiópia.
José Bernardo de Almeida (1728-1805), por seu lado, foi missionário jesuíta na China, a partir de 1759, ali trabalhou como farmacêutico e médico. Presidiu ao Tribunal das Matemáticas e foi feito mandarim pelo imperador chinês. Faleceu em Pequim.
Gravura de 1833 de Antonio d’Almeida, 3º marquês de Lavradio, de autoria de Isabel de Sousa e litografia de Théodore Sauvé (Paris).
(Biblioteca Nacional)
Artes, ofícios e ciência
Nem só de nobres, guerreiros e missionários se faz, no entanto, a história dos Almeidas. Noutras áreas se distinguiram várias personalidades com aquele apelido. Gil Vicente de Almeida (1553-1626), por exemplo, neto de Gil Vicente, foi, tal como o seu avô, autor dramático, cavaleiro-fidalgo da Casa Real e juiz de Torres Vedras ou Cristóvão de Almeida, que foi arquitecto de certo renome no tempo de D. Manuel I.
Em meados do século XVII, destaque muito especial para João Ferreira de Almeida, que emigrou muito jovem para a Holanda onde se converteu ao calvinismo, igreja de que foi pastor. Esteve em Malaca, e foi o autor da primeira tradução integral da Bíblia para português. Ou para António de Almeida, escritor e músico, mestre de capela da Sé do Porto. E também para Brás de Almeida, pintor e escultor, professor de escultura e pintura, que trabalhou em Portugal e Espanha e foi o autor do retábulo da ermida da Senhora da Saúde (Mouraria).
Já no século seguinte, Francisco Tomas de Almeida (1772-1366) destacou-se como artista-gravador de grande qualidade. Discípulo de Bartolozzi, exerceu na Casa Literária e na Imprensa Régia, e ensinou na Academia de Balas Artes e na Aula do Arsenal do Exército.
Um outro Almeida, Sebastião Inácio, mestre de pintura da Fabrica de Louça do Rato (1771-79), reformou, juntamente com o seu irmão José Baptista de Almeida aquela unidade fabril, projectando-a para níveis, à época, de alta qualidade.
Num outro plano, o padre Teodoro de Almeida (1722-1804), da congregação do Oratório, foi escritor, cientista, introdutor do experimentalismo científico em Portugal. Foi perseguido pelo marquês de Pombal. Esteve 17 anos exilado na Holanda e em França, onde lecionou Física, Geometria e Geografia. Com a saída de Pombal do Governo, regressou a Portugal, e, com o Duque de Lafões, foi um dos fundadores da Academia das Ciências.
Na área da Medicina, Francisco José de Almeida (1755-1844), ainda estudante em Coimbra, foi preso pela Inquisicão devido às suas ideias políticas, sob a acusação de heresia. Passou três anos encarcerado. Exilou-se, depois, em França e na Holanda onde completou a sua formação. No regresso a Portugal conquistou grande notoriedade como clínico. Foi feito barão de Almeida em 1835.
O seu contemporâneo António de Almeida (1761-1822), médico cirurgião, formou-se em Inglaterra, foi membro do Royal College of Surgeons de Londres, e é considerado o grande renovador da técnica cirúrgica em Portugal.
Destaque, ainda, para Francisco de Almeida Portugal (1797-1870), oitavo filho do 3° marquês do Lavradio, diplomata e figura de relevo do liberalismo. Foi conselheiro de embaixada em Madrid (1818) e Paris (1819), encarregado de negócios nos Estados Unidos (1824) e ministro dos Estrangeiros, no governo da regência de D. Isabel Maria (1826-27). Após a vitória miguelista (1828), exilou-se em Paris, onde recebeu de D. Pedro IV a tarefa de zelar pela futura Rainha D. Maria II e de trabalhar como embaixador da sua causa na capital francesa. Com a vitória liberal, regressou e foi agraciado com o título de 2° conde do Lavadio e elevado a Par do Reino. Voltou à carreira diplomática (Madrid) e, em 1846, ao Governo, de novo como responsável pelos Negócios Estrangeiros. Entre 1851 e 1869 foi embaixador em Londres e até 1870 em Roma.
Três escritores e um Presidente
No que respeita à Letras, três autores de apelido Almeida fazem parte da nossa história cultural. À cabeça, uma das maiores figuras da Literatura portuguesa: João Baptista de Almeida Garrett (1799-1854) deixou para a posteridade várias obras literárias precursoras do romantismo em Portugal com destaque para Frei Luis de Sousa e Viagens na Minha Terra. Liberal exilado (por duas vezes), combatente na guerra civil, foi depois do triunfo progressista, deputado, cronista-mor e Par do Reino e ministro dos Negócios Estrangeiros num governo de Saldanha. A ele se deve a criação do Conservatório de Arte Dramática, a Inspecção Geral dos Teatros e o Teatro Nacional, pensado como teatro modelo. Foi no contexto de produção de peças dramáticas que pudessem ser representadas no Teatro Nacional que surgiram as suas obras Um Auto de Gil Vicente e D. Filipa de Vilhena.
Segundo os estudiosos, estas mais não são do que obras preparatórias de Frei Luís de Sousa, uma verdadeira tragédia cristã, por muitos considerada a sua obra-prima. Os poemas Folhas Caídas, publicados em 1853, dão conta, por seu turno, das suas paixões e dos seus dramas, tema esse que é reatado em Viagens na Minha Terra.
Folhas Caídas é uma colectânea de poesias escritas por Almeida Garrett e publicada na fase final da sua vida, em Abril de 1853, um ano antes de morrer, em 9 de dezembro de 1854.
Almeida Garrett numa litografia a preto e branco de Maurício José do Carmo Sendim, impressa em 1834.
(Biblioteca Nacional)
Nicolau Tolentino de Almeida (1740-1811), por sua vez, foi um poeta que se notabilizou pela sátira social, pondo a nu os ridículos da sociedade do seu tempo. Escreveu entre outras, Obras Poéticas e Sátiras e Espístolas.
Já o médico e escritor José Fialho de Almeida (1857-1911), autor irónico, depressivo e polémico, escreveu A Cidade do Vício e O País das Uvas. As suas crónicas, artigos políticos, cartas, memórias e livros de viagem estão agrupados, entre outros, em Os Gatos, Pasquinadas, Lisboa Galante, Vida Irónica, À Esquina e Barbear, Pentear.
Finalmente, o único Chefe de Estado com o apelido foi António José de Almeida (1866-1929). Estudava ainda Medicina em Coimbra quando publicou no jornal da faculdade um artigo de opinião sugestivamente intitulado Bragança, o Último. Foi processado e condenado a três meses de prisão pelos insultos à Monarquia. Terminado o curso, foi exercer medicina para São Tomé onde permaneceu até 1903. Mal regressou a Lisboa, dedicou-se à política activa. Foi eleito deputado no Parlamento monárquico em 1906 e, após a implantação da República, em 1910, foi deputado, ministro do seu primeiro Governo e exerceu outros cargos em vários executivos e no Parlamento. Mais tarde, fundou um dos três partidos do novo regime e juntou-lhe o histórico jornal República.
Em 1919 foi eleito 7° Presidente, cargo que exerceu até 1923. Apesar do seu período como Chefe de Estado ter sido bastante conturbado (empossou 16 governos), foi o único Presidente que, até 1926, completou o mandato para que foi eleito.
António José de Almeida foi o único Presidente que, durante a I República (até 1926), completou o seu mandato.
(Presidente da República)
Fonte: Apelidos Portugueses, Prosafeita.
Deixe um comentário