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ALVARES, O SOBRENOME SIMPLIFICADO DO POVO
O apelido ALVES é relativamente recente e não é mais que a simplificação popular do sobrenome ÁLVARES (que significa filho de Álvaro), naturalmente bem mais antigo.
Existem hoje, apesar da sua relativa juventude, cerca de 265 mil cidadãos portugueses (sem contar os brasileiros), que ostentam tal sobrenome. Embora haja registros e referências a vários (poucos) Alves em datas anteriores, a vulgarização deste apelido aconteceu sensivelmente desde finais do século XVIII, acentuando-se na centúria seguinte, de forma a quase fazer desaparecer nos nossos dia o que lhe esteve na origem.
Alves é, portanto, uma forma muito recente de Álvares, e deverá ser proveniente da sua tradicional abreviatura – a maioria dos documentos antigos simplifica o nome Álvares, reduzindo a sua grafia a Alvz ou Alz.
Por outro lado, o próprio povo, conforme foi construindo a língua que hoje falamos encarregou-se, a partir da fonética, de simplificar o sobrenome. Assim, se encontrar raízes para um patronímico já é tarefa quase impossível (pela dispersão natural de um apelido com origem num nome próprio), muito mais difícil se torna quando, a partir dele nasce um outro que quase se sobrepõe ao original.
No que respeita ao nome Álvares, deve ressaltar-se que, no inicio, nem todos seriam obrigatoriamente filhos de algum Álvaro. Isto porque existe desde data anterior à Fundação da Nacionalidade uma vila denominada Alvares (sem acento), hoje freguesia do concelho de Góis (distrito de Coimbra), como privilégios concedidos pelos primeiros reis e fora dado por D. Manuel I em 1514.
Daí, de novo por corruptela popular, poderá provir também alguns (poucos) dos Álvares que se espalharam pelo País.
Podemos, pois, no que toca às personagens da nossa história com este nome, dividir essa abreviada relação em duas partes distintas: primeiro, os Álvares, até finais do século XVIII; depois, os Alves, quase nascidos já no século XIX. Há registro, no entanto, a alguns Alves anteriores a essa data.
Por erro de grafia ou porque o nome já seria usado, podem citar-se os exemplos de Luis Alves, fundidor de peças de artilharia do tempo de D. Manuel I, artífice que deu forma a uma peça concebida pelo próprio Rei; ou, maisi tarde, no início do século XVII, Vicente Alves, autor dramático, que escreveu, nomeadamente, o Auto de Brás Quadrado, obra que foi condenada pelo Índex Expurgatório.
Naturalmente, como qualquer outro patronímico, o apelido aparece frequentemente associado a um outro sobrenome. São os casos, por exemplo, de figuras grandes da História de Portugal, como Nuno Álvares Pereira ou do descobridor oficial do Brasil, Pedro Álvares Cabral.
Deseja saber se tem direito à nacionalidade portuguesa?
Antes de a eles nos referirmos com mais detalhe, destaque, porém para Ordonho Álvares (m.1285) religioso português que, no século XIII, foi abade em Burgos, bispo de Salamanca (1272) e depois, arcebispo de Braga por designação de Gregório X e cardeal-bispo Tusculano. Ou, para Fernando Álvares, também prelado, que foi bispo de Lisboa em 1369.
O CONDESTÁVEL
Ou talvez, mais conhecido e prestigiado Álvares nasceu em meados do século XIV (1360), neto do arcebispo de Braga e filho ilegítimo de Álvaro Gonçalves Pereira, prior da Ordem do Hospital.
Nuno Álvares foi um dos mais destacados líderes militares da História portuguesa, apoiante de D. João I, fundador da Dinastia de Avis. Membro da pequena nobreza foi para a corte do rei D. Fernando ainda jovem (aos 13 anos) sendo armado cavaleiro pela Rainha D. Leonor Teles com o arnês do Mestre de Avis, de quem se tornou amigo. Foi ele que comandou as forças de D. João I contra os invasores castelhanos na decisiva Batalha de Aljubarrota, em agosto de 1385, e noutros confrontos que ajudaram a assegurar a independência do Reino face a Castela.
Batalha de Aljubarrota
Atoleiros e Valverde foram duas das muitas batalhas em que teve papel destaque. Reconhecendo os serviços prestados, D. João, depois de Rei, fê-lo Condestável e seu mordomo-mor e atribuiu-lhe vários títulos – Conde de Ourém, Conde de Barcelos e Conde de Arraiolos, nomeadamente.
A gratidão real também se manifestou na concessão de terras, tornando-se Nuno Álvares, um dos maiores proprietários do Reino (chegou a possuir qualquer coisa como um terço do território português).
Ao entrar na ordem dos Carmelitas, em 1423, adoptou o nome de Frei Nuno de Santa Maria. Foi ele que mandou edificar o Convento do Carmo, local onde veio a morrer (1431), já com fama de santo. Foi beatificado em 1918 e santificado em 2009, mas desde o século XV que era objecto de culto popular. Através da sua filha Beatriz, que casou com D. Afonso (8º Conde de Barcelos e futuro duque de Bragança), filho legitimado do Rei D. João I, Nuno Álvares esteve na origem da poderosa Casa de Bragança, que, mais tarde, entre 1640 a 1910, liderou a Monarquia portuguesa.
Um pouco mais tarde, um outro Álvares, denome prórpio João, frade professor da Ordem de Avis, secretário particular de D. Fernando, o Infante Santo, acompanhou o mais novo dos filhos de D. João I até a sua morte no cativeiro, em Fez, após a desastrada expedição militar a Tânger, no reinado de D. Duarte. Quando regressou a Portugal foi abade do convento beneditino de Paço de Sousa (cc 1429) e escreveu a obra Relação do Cativeiro do Infante D. Fernando, impressa pela primeira vez em 1527.
Por interessante coincidência, refira-se o nome de Nuno Álvares, monge cisterciense que, anos depois, já no reinado de D. Afonso V participou das conquistas de Arzila e de Tânger, cidade de que veio a ser o primeiro Bispo em 1468. Também ligado à expansão, esteve o navegador Rodrigo Álvares, natural do Algarve, que comandou uma das seis caravelas da expedição que, em 1444, sob a direcção de Lançarote de Lagos explorou, com Gil Eanes, Estevão Afonso, João Dias e João Bernardes a costa afriacana e descobriu as ilhas de Nasar e Tíder.
No período correspondente à segunda metade do século XV, e no domínio das artes, existem ainda notícias sobre um célebre ourives de Guimarães chamado Pedro Álvares, sobre um pintor, também da mesma cidade, de nome Diogo Álvares, sobre um outro chamado João Álvares, e principalmente, sobre os arquitectos João e Álvaro Álvares, dois irmãos que foram construtores do Convento de Nossa Senhora do Espinheiro (Évora), no reinado de Afonso V, importante obra (hoje recuperada e transformada em hotel), por onde passou parte significativa da história portuguesa dos séculos XV e XVI, quando aquela cidade albergou, por longos períodos, as cortes de D. Afonso V, D. João II, D. Manuel I e D. João III.
NAVEGADORES
No período áureo da Expansão portuguesa, no início do século XVI, o personagem com o apelido Álvares mais conhecido é indiscutivelmente o do descobridor oficial do Brasil, ano de 1500, Pedro Álvares Cabral (1467-1520).
Desembarque de Pedro Alvares Cabral em 1550 – segundo o pintor Alfredo Roque Gameiro (1864-1935).
A partir dos dez anos viveu na corte de D. João II, tendo aí passado a sua juventude e adolescência, acabando por casar com uma sobrinha de Afonso de Albuquerque.
Pedro Alvares Cabral – o descobridor, de acordo com o desenho de Filipe Roberto da Silva Stocqueler, numa litografia de 1850.
Aos 32 anos, o Rei D. Manuel I nomeou-o capitão-mor de uma poderosa frota encarregada de rumar à Índia com o objetivo de formar acordos comerciais. Com uma armada de 13 navios e 1500 homens, Cabral partir de Lisboa a 9 de Março do ano de 1500.
Rumou ao sul, desviou-se (intencionalmente ou não) para oeste e a 22 de Abril descobriu oficialmente as Terras de Vera Cruz. Daí seguiu-se para a Índia, como previsto.
Acompanhava-o, recorde-se, como comandante de uma das naus, o experimentado Bartolomeu Dias, navegador que antes (1488) dobrava o extremo sul do continente africano e abrira caminho para, anos depois, Vasco da Gama chegar à Índia. Bartolomeu Dias morreu no naufrágio do navio, ironicamente ocorrido junto ao Cabo da Boa Esperança, no decorrer desta viagem.
Ainda no âmbito das descobertas marítimas, João Álvares Fagundes foi um dos pioneiros portugueses que explorou as costas da Terra Nova nos primeiros anos do século XVI. Terá nascido por volta de 1470 em Viana do Castelo, no seio de uma família nobre.
Pouco se conhece da sua vida sendo certo apenas que, por carta datada de 13 de Março de 1521, o Rei D. Manuel I lhe doou um conjunto de ilhas por ele descobertas ou apenas exploradas numa ou mais viagens àquelas paragens. Nesse documento não se encontram referências quer á data quer à amplitude das explorações de Fagundes, ainda que a carta se refira detalhadamente aos territórios doados ao navegador e seus descendentes.
Nesse período de intensa actividade marítima e diplomática, referência para Tristão Álvares, também navegador, capitão da armada que partiu para a Índia em 18 de Abril de 1506 e para Francisco Álvares (cc.1470 – cc. 1540), capelão do Rei D. Manuel I, que integrou, em 1515, a primeira embaixada à Etiópia (então designada por Abissínia) liderada por Duarte Galvão.
Após um período na Índia, em 1520 chegou à corte do imperador da Etiópia, país onde permaneceu durante seis anos e onde recolheu material para a escrita de Verdadeira Informação das Terras do Preste João (1540), obra traduzida de imediato para castelhano, francês, inglês, alemão e italiano em que descreve não apenas a sua viagem, mas principalmente, os usos e costumes, a fauna e a flora e todos os pormenores daquelas terras, até aí, desconhecidas dos europeus.
Francisco Álvares regressou a Portugal no ano de 1527 e, em 1531 partiu para Roma como embaixador do negus abexim junto do Papa. Alí permaneceu até a data de sua morte.
No plano administrativo e burocrático do Estado, João Álvares foi almoxarife do armazém da Guiné e Índias, cargo que exerceu entre 1505 e 1509.
Diogo Álvares Correia, por sua vez mais conhecido Caramuru, passou à História como o primeiro europeu colonizador do Brasil. Natural de Viana do Castelo (1475), fidalgo da Casa Real, sobreviveu, por volta de 1510, a um naufrágio de um navio francês nas proximidades do Rio Vermelho, na baía de Todos os Santos, e à morte, às mãos dos índios Tupinambás, como suscedeu a seus companheiros sobreviventes.
Adorado por índios, com eles passou a viver e deles recebeu a alcunha, que significará homem trovão da morte barulhenta. Estabelecido e integrado com os nativos (casou com uma índia), Diogo Álvares contribuiu para facilitar o contacto com os primeiros missionários e administradores.
Em 1548, quando D. João III decidiu instituir o Governo Geral, solicitou a sua intervenção no sentido de que a expedição inicial fosse bem recebida, fato revelador da importância que havia alcançado. Três dos seus filhos e um de seus genros foram mais tarde armados cavaleiros pelo primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, pelos serviços prestados à Coroa portuguesa
No âmbito, ainda, da grande aventura expansionista portuguesa de quinhentos de sublinhar dois Jorge Álvares: um, feitor dos mares da China, foi o primeiro português a chegar naquele país em 1513; o segundo, amigo de São Francisco Xavier (a quem deu a ler sua obra Informação do Japão antes do Apóstolo do Oriente para ali se dirigir), foi dos primeiros portugueses a atingir o País do Sol Nascente, em 1546-1548.
Jorge Álvares – embaixada portuguesa ao ser recebida com toda a solenidade pelas autoridades chinesas no século XVI, segundo o desenho de Maurício José do Carmo Sendim (1786-1870), em litografia datada de 1840.
Destaque também na área da expansão para o navegador Fernando Álvares da Cunha, que fez várias viagens para a Índia com o capitão de nau entre 1542 e 1548.
ARTISTAS E LETRADOS NO SÉCULO XVI
O primeiro mestre impressor português foi Rodrigo Álvares, que terá aprendido em Salamanca a, então, nova arte de fazer livros. Natural de Vila Real, teve oficina no Porto em 1497, onde foram impressas, entre outras, as obras Constituições do Bispado do Porto, de Diogo de Sousa e, Evangelhos e Epístolas de Guilher Parisiense, traduzida pelo próprio impressor, a partir de uma edição em língua castelhana.
Muitos anos depois, um outro Álvares, msa de nome João, imprimiu em Coimbra (1546) a obra de Pedro Nunes de Arratis Oronti Finei, Regli Mathematicrum Lutatiae Professoris. Como impressor régio João Álvares editou mais de uam centena de trabalhos e ntre 1542 e 1587.
Num outro plano e ainda no século XVI, Diogo Álvares foi ourives de renome e abridor de cunhos da Casa da Moeda de Lisboa por volta de 1520-1530, período em que o pintor Pêro Álvares também desenvolveu a sua atividade.
No domínio das construções, Antonio Álvares dirigiu a obra do Colégio de Évora (1559) enquanto arquiteto e cavaleiro da casa do Cardeal D. Henrique.
Afonso Álvares, por sua vez, contemporâneo do anterior foi mestre de obras das fortificações do reino em 1570 e também ele, cavaleiro da casa do cardela, futuro rei. Admite-se ser o o autor da planta das igrejas de Santa Catarina e da de S. Sebastião que não chegou a ser construída.
Foi substituído por Baltasar Álvares, que se presume ser seu sobrinho, como mestre de obras do Alentejo e a partir de 1581 de Santarém, Almeirim, Salvaterra e da Batalha. Foi o arquiteto, entre outras obras, dos conventos de Santo Antão-o-Novo, de São Bento e São Vicente de Fora, nas cidade de Lisboa.
Numa outra área, Pedro Álvares Seco, jurista, professor, formado em Paris, desembargador da Casa da Suplicação, fez parte do Conselho de D. João III, e por ele foi incumbido de escrever uma história da Ordem Militar dos Templários e da sua sucessora em Portugal, o Ordem de Cristo (1552).
Também em Paris se formou Gonçalo Álvares, Mestre do Colégio de Santa Cruz de Coimbra (1528) onde poderá ter sido professor de Luis de Camões, entre 1537 e 1544.
Ainda no que se refere a fortes ligações à França, registro para o teólogo Duarte Álvares, da Ordem de Santo Agostinho, que regeu teologia em Salamanca, se doutorou em Paris e foi embaixador da Rainha da França e vigário-geral da sua ordem naquele país.
O grande nome, no entanto, neste período é o do humanista, Manuel Álvares, jesuíta (1526-1583), natural da madeira, professor de latim, grego e hebreu, reitor do Colégio das Artes e da Universidade de Évora, autor da obra de Instituione Grammatica Libri Tres, uma gramática latina, adotada durante quase duzentos anos por todas as escolas portuguesas, e por grande parte dos países europeus.
Teve 22 edições integrais entre 1572 e 1859 e mais de 200 parciais, em dezena e meia de línguas. Foi banida do ensino em Portugal apenas no tempo do marquês de Pombal. Até aos nossos dias já foi objeto de mais de 60 edições, número recorde apra qualquer obra portuguesa.
Autor de outro importante livro foi Fernão Álvares do Oriente (cc.1540-cc.1600) de cujas origens muito pouco se sabe. Escreveu Lusitânia Transformada, editado pela primeira vez em 1607, trabalho que relata a decadência de Portugal em finais de quinhentos, considerada por muitos especialistas como o primeiro romance português moderno. Sobre a sua vida existem poucas referências documentais: em Dezembro de 1672, na Índia, foi como capitação de uma fusta em socorro da fortaleza de Damão; em Setembro de 1573 era capitão de um dos 17 navios que partiram para a Costa Norte; num alvará de 25 de Setembro de 1577, D. Sebastião fez saber que se Fernão Álvares do Oriente, cavaleiro fidalgo de sua Casa falecesse antes de poder fazer duas viagens da China para Sunda, como lhe fizera mercê, as poderia fazer outra pessoa nomeda por ele. Fernão Álvares do Oriente terá, de acordo com alguns autores, combatido em Alcácer Quibir (1578), onde terá sido feito prisioneiro.
Já, André Álvares de Almeida, natural da ilha de Santiago, Cabo Verde, comerciante e explorador que, por sua conta, percorreu o interior da Guiné, escreveu em 1594 um livro contendo o relato das suas viagens e observações. Tal obra, apesar de ter tido autorização para ser publicada, apenas foi impressa em 1733, muito adulterada. Só em 1841, Diogo Kopke, professor da Academia Politécnica do Porto, editou o texto (Tratado Breve dos Rios da Guiné de Cabo Verde, desde o Rio de Sanajá até aos baixos de Santa Ana, pelo Capitão André Álvares de Almeida), de interesse para o estudo da região compreendida entre o rio Senegal e a Serra Leoa.
Na transição para o século XVII, merece ainda referência o nome de Afonso Álvares, escritor teatral muito popular, discípulo da escola de Gil Vicente, que escreveu vários autos sobre vidas de Santos.
O REI DA ERICEIRA
Também em finais do século XVI, na sequência do desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer Quibir, o país assistiu – e em alguns casos quis acreditar – ao aparecimento do soberano nos mais diversos locais. Foi o caso de Mateus Álvares, um jovem açoriano que decidiu aproveitar as suas semelhanças físicas com D. Sebastião e por ele se fez passar. Encenou um desembarque na Ericeira e passou a habitar num eremitério ali perto. A sua conduta (chegou a coroar a mulher em cerimônia pública como rainha de Portugal), já sob o domínio filipino, levou, naturalmente, a intensa agitação popular. Foi investigado, preso, condenado, supliciado e enforcado no dia 14 de Julho de 1585. Ficou conhecido como o Rei da Ericeira.
Reprodução da condenação à morte do falso D. Sebastião.
Já no século seguinte, podem citar-se nomes como David Álvares, engenheiro, especialista em pontes, que entre 1612 e 1636, edificou várias obras públicas, ou João Álvares Frovo (1602-1682), padre, músico, bibliotecário Real de música de D. João IV. Estudou com Duarte Lobo, de quem se veio a tornar sucessor como mestre de capela da Sé de Lisboa, em 1647.
Ou ainda, Antonio Álvares da Cunha (1626-1690), guarda-mor da Torre do Tombo, que foi um dos fidalgos que aclamou D. João IV como Rei em 1640. Combateu na Guerra da Restauração e era homem de grande cultura, sobrinho do bispo de Lisboa, D. Rodrigo da Cunha. Foi um dos fundadores da Academia dos Generosos em 1649.
Manuel Álvares Pegas, por sua vez, foi um jurista de renome, advogado da Casa da Suplicação e desembargador. Tornou-se célebre, pelos muitos casos que defendeu envolvendo direitos sucessórios em várias causas nobres.
Figura influente e prestigiada foi também, Nuno Álvares Pereira de Melo, 1º duque de Cadaval, 4º marquês de Fronteira e 5º Conde de Tentúgal (1638-1727), descendente direto do 2º duque de Bragança, que muito jovem combateu na Guerra da Restauração tendo recebido o título de duque por mercê de D. João IV, em 1648. Serviu nos conselhos de Estado e de Guerra de D. Afonso VI, D. Pedro II e de D. João V e foi um dos membros da nobreza que, perante a incapacidade de D. Afonso VI, apoiou a sua deposição.
Foi o primeiro plenipotenciário a assinar o tratado que, em 1668, pôs termo à Guerra da Restauração, desempenhando ao longo dos seus 89 anos de vida, altos cargos na Corte – presidente do Desembargo do Paço, mordomo-mor das várias rainhas, mestre de campo, general e capitão-general da cavalaria, governador de Armas de Setúbal e Cascais, etc.
Para encerrar o capítulo referente aos Álvares, destaque ainda para o escritor Nuno Álvares pato Moniz (1781-1826), um dos companheiros de Manuel Maria Barbosa du Bocage, tal como ele, irreverente e agressivo na escrita panfletária.
Foi dos primeiros deputados da história constitucional portuguesa, na sequência da revolução liberal de 24 de Agosto de 1820. Veio a falacer em Cabo Verde, par aonde foi deportado após o golpe absolutista de D. Miguel em 27 de Maio de 1823.
ALVES LIBERAIS E REPUBLICANOS
Já em pleno século XIX, centúria marcada por invasões e guerras civis e em que Portugal sofreu várias e profundas transformações, o relevo já foi dos Alves, naturalmente com muitos militares em destaque. Logo no começo do período, Caetano José Alves, capitão do Regimento de Artilharia do Porto, distinguiu-se como um dos defensores da praça de Almeida que, em 1810, resistiram aos invasores franceses. Morreu aí em combate.
Mais tarde, José Joaquim Alves (1781-1860), oficial de Marinha e liberou,comandou os navios que transportaram militares e exilados políticos de Inglaterra para a Terceira, furando o bloqueio naval miguelista. Desembarcou, depois, no Mindelo com as tropas de D. Pedro IV e tomou parte em vários confrontos do cerco do Porto.
Num outro plano, pouco abonatório, diga-se, Diogo Alves (1810-1840), escreveu o seu nome na lista de celebridades com o apelido pr ter sido um conhecido salteador e assassino (lançava as suas vítimas do Aqueduto da Águas Livres), líder de um bando que aterrorizou Lisboa no pós-guerra civil entre 18736-1839. Capturado e julgado, foi enforcado a 19 de Fevereiro de 1841.
Aqueduto das Águas Livres de Lisboa
No rol dos republicanos, Augusto Alves da Veiga (1850-1924), advogado fundados do Centro Republicano do Porto quando da revolta de 31 de Janeiro de 1891 foi quem anunciou, da janela da Câmara do Porto, a constituição do governo provisório republicano, de que fazia parte como primeiro-ministro. Sufocada a rebelião, teve de se exilar em Paris, após uma fuga digna de romance. Com a implantação da República, 19 anos depois, foi nomeado ministro plenipotenciário em Bruxelas. Foi candidato à Presidência da República em 1911.
O oficial do Exército, José Augusto Alves Roçadas (1865-1926), serviu em Angola entre os anos de 1897 e 1900, e na Índia (1902-1904). Regressou, depois, a Angola como governador do distrito de Huíla, onde desencadeou e comandou uma série de operações par ocupação territorial no sul da província.
José Augusto Alves Roçadas (1865-1926)
Foi por um curto período governador de Macau, regressando a Angola para ser governador-geral. Com a implantação da República deixou o cargo, ali regressando apenas em 1914 para comandar a defesa contra o avanço de tropas alemãs. Já como general, liderou, em 1918, a 2ª divisão do CEP na Flandres, durante a I Guerra.
Também no século XX, António Alves Redol, romancista e dramaturgo é considerado um dos grandes expoentes do neo-realismo e da Literatura portuguesa. Estreou-se no romance com a obra Gaibéus (1939). Autor com grande produção literária, teve em Barranco de Cegos (1962) aquela que é considerada a sua obra prima.
Finalmente, o jurista Marcelo José das Neves Alves Caetano (1906-1980), natural de Lisboa, sucedeu a Salazar como primeiro-ministro do Estado Novo, entre 1968 e 1974. Professor de Direito administrativo da Faculdade de Direito de Lisboa desde 1933, apoiou a Ditadura Militar e depois o regime autoritário de Salazar.
Foi o autor do Código Administrativo (1936), do Manual de Direito Administrativo, colaborou na redação do Estatuto do Trabalho nacional e na Constituição de 1933. Foi vogal da União nacional (1932) e mais tarde presidente da sua comissão executiva, foi comissionário Nacional da Mocidade Portuguesa, Ministro das Colônias (1944-1947), presidente da Cãmara Corporativa e ministro da Presidência do Conselho de Ministros (1955-1958)
Foi reitor da Universidade de Lisboa entre 1959 e 1962, ano em que se demitiu na sequência da crise acadêmica desse ano. Considerado como o delfim de Salazar, foi nomeado seu sucessor em 1968, cargo que desempenhou até 25 de Abril de 1974.
Derrubado pelo golpe militar dos capitães, exilou-se no Brasil, onde prosseguiu a sua atividade acadêmica, no Rio de Janeiro. Aí faleceu em 26 de Outubro de 1980.
Publicou, entre muitas outras obras, o primeiro volume de uma História do Direito Português até o final do reinado de D. João II.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]
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