Eleições Brasil e Portugal – Quais as Diferenças?

Os sistemas eleitorais do Brasil e de Portugal apresentam várias semelhanças e diferenças marcantes. Ambos os países utilizam um modelo de representação proporcional, mas há divergências significativas quanto à obrigatoriedade do voto, à estrutura parlamentar e ao método de votação. Vamos explorar essas distinções e similaridades, destacando como cada país organiza suas eleições.


Sistema Eleitoral em Portugal

Portugal utiliza o sistema de representação proporcional, que distribui as cadeiras na Assembleia da República com base no número de votos recebidos por cada partido, aplicando o método de Hondt. A Assembleia é composta por 230 deputados, eleitos de forma a refletir a diversidade de opiniões políticas do país.

Esse sistema proporcional garante que o número de assentos ocupados por cada partido seja proporcional ao número de votos recebidos. O método de Hondt, usado para a distribuição de cadeiras, assegura que até partidos menores tenham representação.

Exemplo do Método de Hondt: Imaginemos que quatro partidos recebam os seguintes votos:

  • Partido A: 120.000 votos
  • Partido B: 75.000 votos
  • Partido C: 45.000 votos
  • Partido D: 30.000 votos

Divide-se o número total de votos por 1, 2, 3 e assim por diante, até que todas as cadeiras da Assembleia sejam preenchidas, garantindo uma distribuição proporcional dos assentos.


Sistema Eleitoral no Brasil

O sistema eleitoral brasileiro também utiliza a representação proporcional para a escolha de deputados e vereadores, mas apresenta algumas diferenças. No caso de eleições para cargos do Executivo (presidente, governadores e prefeitos), o Brasil adota o sistema majoritário, no qual um candidato precisa de mais da metade dos votos válidos para ser eleito. Se nenhum candidato obtiver essa maioria, realiza-se um segundo turno.

Para o Legislativo, o sistema é proporcional, mas o quociente eleitoral exige que os partidos alcancem um número mínimo de votos para conquistar uma cadeira, o que pode limitar a participação de partidos menores em comparação com o sistema de Portugal.


Semelhanças entre os Sistemas Eleitorais

  • Representação Proporcional: Tanto no Brasil quanto em Portugal, a distribuição de cadeiras é feita de acordo com o número de votos recebidos, assegurando que a diversidade de opiniões seja representada nos parlamentos.
  • Círculos Eleitorais: Ambos os países dividem o território em distritos eleitorais, que definem a representação de cada região no parlamento.

Diferenças entre os Sistemas Eleitorais

  1. Obrigatoriedade do Voto: No Brasil, o voto é obrigatório para cidadãos entre 18 e 70 anos, enquanto em Portugal o voto é facultativo, ou seja, os eleitores podem optar por não votar sem sofrer penalidades.
  2. Estrutura Parlamentar: Portugal adota uma estrutura unicameral, com apenas uma câmara legislativa, a Assembleia da República, enquanto o Brasil tem uma estrutura bicameral, composta pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
  3. Segundo Turno: No Brasil, em eleições majoritárias, há a possibilidade de um segundo turno, algo que não ocorre em Portugal.

A Obrigatoriedade do Voto no Brasil

A obrigatoriedade do voto no Brasil é uma questão controversa. Embora se argumente que essa medida assegura maior participação nas eleições, ela também pode ser vista como uma limitação à liberdade individual. A democracia deve garantir o direito de escolha, incluindo a escolha de não participar do processo eleitoral.

Em Portugal, onde o voto é facultativo, observa-se que a ausência de obrigatoriedade não impede que as eleições sejam bem-sucedidas e com taxas de participação relativamente altas. Isso sugere que a participação voluntária pode ser uma forma mais legítima e eficaz de envolvimento democrático.


Conclusão

Os sistemas eleitorais no Brasil e em Portugal apresentam semelhanças, como a representação proporcional, mas também diferenças importantes, como a obrigatoriedade do voto no Brasil e a estrutura parlamentar unicameral de Portugal. A discussão sobre a obrigatoriedade do voto levanta questões sobre a liberdade individual e a forma como a democracia deve ser exercida.

Ambos os países ajustam seus processos eleitorais conforme suas realidades políticas, e o debate sobre a melhor forma de garantir participação continua a ser relevante.

Somos referência em processos de Cidadania Portuguesa, Italiana e Espanhola.

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